Resenha: Entre Irmãs, @editoraarqueiro

22 dezembro 2017
Sinopse: Ganhador do Prêmio de Ficção do Friends of American Writers e agora adaptado para o cinema, Entre irmãs é uma história de amor e lealdade, um romance arrebatador sobre a saga de uma família e de um país em transição.Nos anos 1920, as órfãs Emília e Luzia são as melhores costureiras de Taquaritinga do Norte, uma pequena cidade de Pernambuco. Fora isso, não podiam ser mais diferentes.Morena e bonita, Emília é uma sonhadora que quer escapar da vida no interior e ter um casamento honrado. Já Luzia, depois de um acidente na infância que a deixou com o braço deformado, passou a ser tratada pelos vizinhos como uma mulher que não serve para se casar e, portanto, inútil.Um dia, chega a Taquaritinga um bando de cangaceiros liderados por Carcará, um homem brutal que, como a ave da caatinga, arranca os olhos de suas presas. Impressionado com a franqueza e a inteligência de Luzia, ele a leva para ser a costureira de seu bando.Após perder a irmã, a pessoa mais importante de sua vida, Emília se casa e vai para o Recife. Ali, em meio à revolução que leva Getúlio Vargas ao poder, ela descobre que Luzia ainda está viva e é agora uma das líderes do bando de Carcará.Sem saber em que Luzia se transformou após tantos anos vagando por aquela terra escaldante e tão impiedosa quanto os cangaceiros, Emília precisa aprender algo que nunca lhe foi ensinado nas aulas de costura: como alinhavar o fio capaz de uni-las novamente.
Hello pessoal tudo certinho?? Hoje falaremos desse livro que foi uma grata surpresa para mim. Entre Irmãs já ganhou uma adaptação cinematográfica que eu particularmente não conferi, mas deixarei o trailer para vocês. Mas já digo a história é surpreendente.
Uma boa costureira media tudo com precisão e, então, usando um lápis bem apontado, transferia aquelas medidas para o papel.
Imagina aí o Brasil nos anos 20, ou melhor, o Nordeste do Brasil, em meio a crise mundial, aqui em nossa terra da família tradicional brasileira (aquela revirada de olho), interior de Pernambuco, duas irmãs talentosíssimas como costureiras, mas que chamam a atenção das pessoas por outro motivo: Uma era bela demais e com certeza conseguiria um bom casamento; a outra sofreu um acidente e ficou com sequelas, obviamente não serve para ser “mulher de ninguém”.

Mano o livro todo é uma grande reflexão e crítica a nossa sociedade, mas o mais engraçado é: a história se passa em 1920, século passado, mas ainda tão atual. Em um livro cheio de referência histórica, que apesar de algumas mudanças, e ao meu ver adaptações, digamos exageradas, foi belamente escrito e apesar da quantidade de páginas quando nos damos conta já estamos perto do fim. Apesar de tudo isso, achei a parte onde a autora descreve vários detalhes, dispensável. Eu gosto de imaginar e a autora deixou pouca margem a nossa imaginação.

Emília sempre acreditou que algo de bom estava guardado para ela e sua irmã, Luzia. Entretanto quis o destino que cada uma tivesse seu caminho entrelaçado de formas distintas e que depois se encontrariam, mesmo que não em condições ideias, assim como um belo carretel de linha. Cercadas de segredos e mentiras cada uma construiu sua vida da forma que foi possível, e nem sempre foi de uma boa forma.
Rezou para santa Luzia, padroeira dos olhos, em cuja homenagem sua irmã tinha sido batizada e que era sua protetora. Rezou para Nossa Senhora, a maior guardiã das mulheres. E mais fervorosamente ainda, rezou para santo Expedito, o padroeiro das causas impossíveis.
Luzia, cansada de ser taxada como inútil conseguiu sua tão sonhada liberdade seguindo um grupo de cangaceiros pelo interior do estado, quando eles estavam em uma verdadeira guerra com as autoridades. Só que ela não seguiu qualquer cangaceiro, ela se juntou ao bando de “Carcará”, homem conhecido e falado por sua crueldade. Emília conseguiu sair do interior casando-se com um bom filho da tradicional família brasileira, que vivia um conflito interno maior que o possível de se imaginar, tentando ser o que não era para que sua família assim o amasse e o compreendesse.

Sim o livro é imenso, sim tem várias descrições de acontecimentos e conflitos vividos no nordeste brasileiro na década de vinte, mas cada um desses acontecimentos, nos levam a enxerga-los como cada uma das irmãs, até o dia derradeiro: o dia em que se reencontram.

Um livro cheio de referência à luta das mulheres, uma verdadeira obra com excelentes referências, Entre Irmãs veio para nos tirar da nossa zona de conforto de pensamento e nos coloca para pensar que as escolhas são responsabilidade de cada um e que não devemos julgar a de ninguém. Amor, luta, conflito, indecisão e acima de tudo julgamento é o que você encontrará nesta obra. A batalha entre o orgulho e a coragem. A coragem e a covardia. A covardia e a autodefesa.
Lá no alto o céu era uma imensidão escura. Luzia se sentiu pequena diante dele, e teve medo. Mas se lembrou daqueles passarinhos que libertava, tanto tempo atrás. Lembrou que, depois que ela abria a portinhola, eles sempre ficavam parados, hesitando, na beirada da gaiola. E, então, saíam voando.
Quatro notas musicais para esse conflito familiar descrito de forma majestosa e que no final é o conflito de nossas vidas.
Ficha Técnica:
Autor: Frances de Pontes Peebles
Páginas: 576
Editora: Arqueiro
Ano: 2017
Skoob: Entre Irmãs 

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