Resenha: Caçador em Fuga, @EditoraLeya

22 junho 2017

Sinopse: Ao despertar num lugar escuro, Ramón Espejo não se lembra de como foi parar ali. Logo ele descobre que é refém de uma raça alienígena e que, para recuperar sua liberdade, será forçado a ajudá-los a encontrar outro humano como ele – um fugitivo. Quando a caçada começa, no entanto, Ramón recupera algumas lembranças: a miséria e as péssimas condições de trabalho e de vida no México; a decisão de deixar a Terra e explorar um novo planeta-colônia, São Paulo; o sonho de encontrar metais valiosos e enriquecer; o desejo de uma nova chance. Agora, envolvido numa estranha perseguição nesse mundo hostil e imprevisível, Ramón precisa encontrar uma maneira de escapar de seus captores... e depois, de alguma forma, sobreviver. No entanto, à medida que suas memórias se fortalecem, Ramón descobre que seu pior inimigo pode ser ele mesmo. Caçador em fuga, publicação que faz parte do selo LeYa/Omelete, é uma história criada a seis mãos que levou quase trinta anos para ser escrita. O resultado é uma aventura de ficção científica que cria mundos e espécies diferentes com detalhes fascinantes, analisando a humanidade em seus piores e melhores momentos por meio de um personagem politicamente incorreto, atrapalhado e carismático.
Olá pessoal hoje vamos falar de um livro que é cheio das boas recomendações pois seu processo de produção é quase uma série do Netflix (fica a dica). Caçador em Fuga é quase uma obra prima produzida a seis mãos com nomes totalmente consagrados, então isso significa que ele é um grande jabazão?! Pode ser, mas sendo ou não, ele não perde seu mérito de bom livro livro. Antes que apareça alguém para dizer que George deveria estar escrevendo o tão aguardado livro de As Crônicas de Gelo e Fogo, fique ciente que esse livro está guardadinho na gaveta há 30 anos, só isso.... Então vamos ao que interessa.

Aqui conhecemos Ramón, um cara completamente ferrado, mineiro que acredita piamente que ficará rico quando achar algum metal que o deixe rico. Mas seu temperamento quente latino só o coloca em confusão, até que um dia a confusão o encontra. E aí até ele explicar que, focinho de porco não é tomada, já era. Começamos o livro sendo despertos nesse universo intergaláctico junto com Ramón, ele tem certeza que está acordado, mas não consegue controlar nenhuma de suas habilidades de locomoção e começa a refletir sobre tudo o que ele já ouviu sobre estar morto e conclui que essa é uma grande possibilidade. Até se lembrar que, quem não aceita Deus vai queimar eternamente no fogo do inferno.

A partir daí conhecemos a vida dele, o desenrolar de um relacionamento conturbado com Elena, o fato de viverem se estapeando e  transando mostra o quão louco os dois são, mas essa parte do livro é bem para elucidar como o temperamento dele será capaz de colocá-lo em grandes confusões e transformá-lo de caçador em caça.

O livro é uma grande crítica as nossas estruturas sociais e a inabilidade humana de conviver em grupo. Em como sempre chegamos destruindo a quilo que não conhecemos e que ao invés de viver em comunhão uns com os outros sempre tentamos subjugar os mais fracos e como temos uma tendência total a exploração sem o cuidado com a preservação, seja da natureza ou de vidas envolvidas nisso.
Os Enye e os Turus notaram os danos que a humanidade causara a seu próprio meio ambiente, repararam na profunda propensão humana de gerar mudanças e tomar o controle, e na limitadíssima habilidade de antecipar as consequências de suas ações. Consideraram essas características mais como virtudes do que como pecado. As vastas mentes institucionais , tanto humanas, quanto alienígenas, começaram a estabelecer um acordo de dominação, que se desenvolveria a um passo glacialmente lento.
Essa descrição está logo no início do livro e nos faz refletir se, de fato, em algum momento pararemos para pensar no mal efetivo que causamos em nosso planeta enquanto já estamos querendo desbravar outros lugares nessa imensidão galáctica. O livro é muito bom, mas levando em conta o peso dos nomes envolvidos na produção, eu criei uma expectativa muito maior do que aquilo que o livro tinha para oferecer.
Acredito que no final das contas assim como o ajudou a se safar, a grande habilidade de Rámon é a de mentir e ludibriar, não sei como um livro escrito há tanto tempo pode ser tão atual e tão esclarecedor a respeito de associações, conluios e acordos entre pessoas tão diferentes, mesmo que no livro essa diferença seja entre terráqueos e os alienígenas. No final a malandragem falou mais alto e o sonho dele o levou onde ele jamais imaginou.
Ramón começou a ponderar se estava no lugar errado. Ou se a estaca não penetrara fundo o suficiente. Ou se os alienígenas tinham abandonado a colmeia, fugindo para algum canto mais distante do mundo, ou talvez submergido ainda mais fundo. Tudo dependia da sorte.
Achei que para um livro futurístico faltou alguma coisa que prendesse minha atenção, não sei identificar bem o que foi, mas em alguns momentos eu me perguntei se realmente foi escrito por um cara que é fenômeno editorial e o outro ganhador do Nebula. Mas posso não ter compreendido bem o ponto de vista deles, prefiro acreditar que esse é o caso. Apesar disso o universo a que somos apresentados e o desenrolar político e social da história nos surpreende e choca ao mesmo tempo. É um bom livro, mas eu esperava que ele fosse excelente.

Quatro notas musicais para essa história criada a seis mãos.


Ficha Técnica:
Autor: George R. R. Martin, Gardner Dozois, Daniel Abraham
Páginas: 304
Editora: Leya
Ano: 2017

Até mais


Um comentário

  1. Oi Anastácia!
    Uma história de fantasia? Oba! Adorei a sinopse. Acredito que o fato de temos nomes de peso como autores criou em você uma expectativa que não era o objetivo da história, estou errada? Enfim... adorei a história, a resenha e vem a dúvida... É único? Já foi pra listinha. Bjus

    ResponderExcluir