Uma dose de amor

25 janeiro 2017
Me lembro que eu tinha um copo nas mãos, não me recordo se era uísque ou vodca, quando se tem um.coração partido você não se importa muito com o que desça rasgando em sua garganta, você só precisa ter algo que te permita não sentir.



O gosto de álcool  ainda está em minha boca, é o jeito como ele se misturou com o gosto de cigarro sabor cravo que você estava fumando antes de me beijar.

Eu não tinha a intenção de sair naquela noite, mas também não tinha a intenção de me afundar em uma poça de autopiedade,então eu estava lá, sentada no bar, enquanto os corpos suavam, as pessoas dançavam, e você vinha na minha direção, lindo com seus cabelos cor de mel e aquele sorriso largo que aqueceu todas as partes frias dentro de mim.

Casualmente você se sentou ao meu lado, me olhou nos olhos e percorreu demoradamente cada parte do meu corpo.

"Você quer outro desse que estava tomando?"

"Não." 

Eu disse num tom que não passou de um sussurro.

"Quer dançar?"

"Não."

Eu já tinha recuperado bem minha voz e o olhar que ele me deu ia derretendo a geleira dentro de mim.

"O que você quer afinal?"

"Um remédio pra curar dor de coração."

Sem dizer uma única palavra você tomou a minha mão e me tirou dali, e quando senti suas mãos na minha cintura, e o calor da sua respiração próximo ao meu ouvido, eu descobri que algo melhor que vodca era você.

Avido por tirar de mim toda a dor e dar todo prazer para si mesmo, sua boca encontrou a minha, sua língua entrou na minha boca e a minha encontrou a sua, é elas dançavam em sincronia uma de encontro com a outra, causando arrepios em todas as partes dos nossos corpos. O beijo nos tirou do chão e nos tirou o ar, quando nos olhamos, tudo o que podia ser feito era correr, e de mãos dadas corremos, pela noite, corremos, até encontrar um lugar para afugentar aquela maldita dor que martelava no peito.


Qual peça foi a primeira a cair, ou a última, não faz diferença, não quando senti uma trilha de beijos que iam do meu pescoço ao meu quadril, nada tinha importância quando suas mãos me tocaram, nem quando subi sobre você e o beijei, e a cada onda de prazer a dor se desfazia e não havia nada a não ser o vazio, vazio, oco, nada, sozinha, abandonada.

Os corpos suados cederam a exaustão e logo o cheiro do cigarro invadiu o lugar, cheiro de sexo, álcool, cigarro e vazio. 

Um coração partido.

Me levantei e vesti as roupas, tão rápido quanto as tirei.

"Onde você vai baby?"

"Embora"

"Mas, ei, me diz seu nome."

Dei lhe um leve beijo na sua boca e sai porta afora, andando a toda velocidade e só parei quando estava na frente do mesmo bar que tinha estado a horas atrás.



Sentei no meu banco com a minha dose na mão, o gole desceu queimando e sorri amando aquela sensação, porque eu tinha um coração partido e para remediar corações partidos só havia uma saída uma dose e nada mais.

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