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2017

Resenha de A Guerra que Salvou a Minha Vida, @DarkSideBooks

16 agosto 2017
Ada tem dez anos (ao menos é o que ela acha). A menina nunca saiu de casa, para não envergonhar a mãe na frente dos outros. Da janela, vê o irmão brincar, correr, pular – coisas que qualquer criança sabe fazer. Qualquer criança que não tenha nascido com um “pé torto” como o seu. Trancada num apartamento, Ada cuida da casa e do irmão sozinha, além de ter que escapar dos maus-tratos diários que sofre da mãe. Ainda bem que há uma guerra se aproximando. Os possíveis bombardeios de Hitler são a oportunidade perfeita para Ada e o caçula Jamie deixarem Londres e partirem para o interior, em busca de uma vida melhor. Kimberly Brubaker Bradley consegue ir muito além do que se convencionou chamar “história de superação”. Seu livro é um registro emocional e historicamente preciso sobre a Segunda Guerra Mundial. E de como os grandes conflitos armados afetam a vida de milhões de inocentes, mesmo longe dos campos de batalha. No caso da pequena Ada, a guerra começou dentro de casa. Essa é uma das belas surpresas do livro: mostrar a guerra pelos olhos de uma menina, e não pelo ponto de vista de um soldado, que enfrenta a fome e a necessidade de abandonar seu lar. Assim como a protagonista, milhares de crianças precisaram deixar a família em Londres na esperança de escapar dos horrores dos bombardeios. Vencedor do Newbery Honor Award, primeiro lugar na lista do New York Times e adotado em diversas escolas nos Estados Unidos.

Esse, com toda a certeza, é um livro que (fazendo um trocadilho com o título) mudou a minha vida. Além de a edição ser fantástica, com marcador de fita de cetim e capa dura, a ilustração desse livro é magnífica, desde a capa às folhas internas. E a história, então? Com certeza um dos melhores livros que li até hoje, e olha que não foram poucos! A Darkside está de parabéns!

E qual não foi a minha sorte quando o Joinville Literária, grupo do qual faço parte nas redes sociais, pediu para que levássemos livros da DarkSideBooks para nosso encontro mensal? É claro que levei esse exemplar, e a nossa foto você confere abaixo. Estou acima, bem no centro. 




Mas vamos à história, que é lindíssima, apesar de muito triste. Ada é a primeira filha de uma megera, e ela teve o azar de ter nascido com o pé torto. Isso não seria nada demais, até porque há conserto para a situação, mas sua mãe achou mais fácil deixá-la presa em casa, somente olhando a vida passar pela janela. São anos e anos nessa penúria, vendo seu irmãozinho mais novo brincar e curtir o dia, enquanto ela cuida das tarefas da casa e do menino, porque a mãe não está nem aí para os dois. 

Meu pé direito era pequeno e torto, de modo que a sola apontava para cima, com todos os dedos no ar, e o que deveria ficar para cima tocava o chão. O tornozelo não funcionava direito, claro, e doía sempre que eu colocava peso em cima, então durante quase toda a vida, eu nunca me apoiei nesse pé. Eu rastejava muito bem. Não reclamava de ficar tanto tempo dentro de casa, desde que o Jamie estivesse junto. Mas, à medida que ele foi crescendo, passou a querer brincar na rua, ficar com as outras crianças.
"E por que não?", falava a mãe. "Ele é normal". Para o Jamie, dizia: "Você não é que nem a Ada. Pode ir onde quiser.  
 Essa era a rotina de Ada, até que a Guerra surgiu. Seu irmão chegou com a inesperada notícia de que seus amigos iriam se refugiar no campo, e que ele poderia ir também. É claro que a megera da mãe não deixou Ada ir, porque seu prazer era humilhá-la, mas a menina resolveu fugir e se reunir com o irmão e os outros vizinhos.

Ada e Jamie são acolhidos juntos, na casa de uma moça chamada Susan. E tudo seria perfeito se as sequelas da má educação que os dois receberam não atrapalhassem a sua convivência no então novo lar.
"Não se preocupe", ela disse, quase como se eu tivesse alguma importância. "Eles estão errados. A gente vai dar um jeito. Eu sei que você não é burra", ela prosseguiu. "Gente burra não poderia cuidar do irmão do jeito que você cuida. Gente burra não tem a metade da sua coragem. Nem metade da sua força. 
Mas não é tão fácil acreditar nisso, quando a vida toda Ada estudou que era incapaz, nada mais do que uma aleijada. Por esse motivo, por mais que se esforçasse, ela não conseguia retribuir o apoio que recebia de Susan, tratando-a muitas vezes com golpes e grosserias.

A vida vai passando, aos trancos e barrancos, como se diz, e Ada vai tentando se acostumar à nova rotina. Ela inclusive faz amizades, por conta de um passatempo que se tornará a sua paixão: cavalgar.
"A Margaret vai ter que passar uns dias na cama. Só vai poder voltar a cavalgar depois de retornar à escola. Mas, se você tiver alguma dúvida sobre cavalos, pode ir quando quiser ao nosso estábulo e perguntar ao Grimes. Sei que ele vai ajudar".
Mas, se você pensa que a convivência de Susan, James e Ada era fácil, enganou-se. Afinal, os irmãos eram estranhos na casa, Susan era uma moça solteira, triste e solitária, que a princípio não queria cuidar das crianças, e eles estavam em Guerra. Apesar disso, os pequenos perceberam que sua tutora era uma boa substituta de mãe para eles. Só que, repito, sua vida não era perfeita. E sabe por quê? Porque era temporária.
Eu sabia que não poderia ficar. Eu tinha tanta coisa boa - não vivia trancafiada num quarto, pra começar. Depois havia o Manteiga, as muletas, a casa quentinha mesmo com o frio lá fora. Roupas limpas. Banho à noite. Três refeições por dia. A tigela do Bovril antes de dormir. A vista do mar do alto da colina -, mas tudo isso era temporário. Só até a Mãe chegar pra nos buscar. Eu não ousava me acostumar a nada.
Pois é, chegamos a um impasse. Como resolver a situação? Se você ler a Guerra que Salvou a Minha Vida, conhecerá o desfecho dessa até então infeliz história. Eu recomendo fortemente que leia, porque é um livro INCRÍVEL! Está entre os meus favoritos forever!



Ficha técnica:
Autor: Kimberly Brubaker Bradley
Editora: DarkSideBooks
Ano: 2017
Páginas: 240

Voltarei em breve!


2 comentários

  1. Esse livro é maravilhoso Nanda!, Senti tanta raiva da mãe de Ada algumas vezes, e pobre menina :'( não vejo a hora de ler a continuação, acho que será maravilhosa <3

    Linda Resenha!

    Beijinhos da Paty ;)

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    Respostas
    1. Tem continuação? Não sabia, Paty, que ótimo! Lógico que vou querer ler também! Obrigada pelo teu carinho. Beijos!

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